Design Thinking: por que essa metodologia é tão importante para startups?
Por: tegUP, aceleradora de startups.
Oito a cada dez empreendedores que começam um negócio chegam à falência nos primeiros 18 meses, mostra uma pesquisa da CB Insights sobre o mercado norte-americano, mas que também reflete nossa realidade.
Por que quase 80% dos negócios não dão certo? O item campeão para explicar a falência dessas startups é “falta de demanda do mercado”. Ou seja, produtos e serviços considerados essenciais ou de grande potencial na verdade eram uma ilusão, pois não tinham demanda dos consumidores – e não foram testados antes de serem colocados no mercado.
O Design Thinking, técnica popular entre empreendedores (mas não só) versa exatamente sobre esse ponto: não se pode presumir que algo seja verdadeiro sem testar, sem prototipar ou, como diz o jargão empreendedor, sem pivotar.
O termo Design Thinking surgiu ainda nos anos 70, nos Estados Unidos, com a publicação do livro “Experiences in Visual Thinking”, de Robert H. McKim. Ele defendia que usar estratégias de “pensamento visual” era uma forma consciente de desbloquear a criatividade e de potencializar a capacidade que temos de resolver problemas.
Esses preceitos foram aprofundados por diversos outros escritores até o dia de hoje, com destaque para Rolf Faste, da Stanford University, que definiu os primeiros passos para o Design Thinking, e pela empresa IDEO, cujo CEO Tim Brown define o termo como “uma abordagem centrada nas pessoas e voltada à inovação” e que “integra as necessidades das pessoas, as possibilidades tecnológicas e as necessidades para se ter um negócio de sucesso”.
Os 5 passos hoje mais usados para descrever o Design Thinking estão listados abaixo e funcionam em um ciclo constante:
- Empatia: entenda as necessidades daqueles para os quais você está criando algo;
- Definição: veja problemas como oportunidades para soluções criativas;
- Idealização: gere uma variedade de possíveis soluções;
- Protótipos: comunique os principais pontos de suas soluções para outras pessoas;
- Testes: aprenda o que funciona e o que não funciona na prática para melhorar suas soluções.
No livro Glimmer, de Warren Berger, o autor defende o Design Thinking como “uma maneira de atravessar a barreira superficial do marketing e de entrar no centro do problema com questões como: o que as pessoas realmente querem? Como podemos fornecer isso de uma melhor maneira?”.
Berger explica que os negócios serem focados em oferecer produtos e serviços que as pessoas realmente precisam parece algo óbvio, mas que na prática isso não acontece por duas razões: “muitas vezes, as companhias estão mais focadas em suas capacidades já existentes e nos seus objetivos de negócios em vez de estarem focados nas necessidades do outro”.
A aplicação dessa abordagem de negócios, além dessa nova visão estratégica dos executivos, pressupõe também algumas novas habilidades dos profissionais de diferentes áreas. Duas delas são muito presentes: a habilidade de trabalhar em colaboração (é preciso uma equipe com esse mesmo olhar abrangente e acreditando no processo de construção coletiva) e o hábito de desenvolver processos não-lineares (muitas vezes um teste ou prototipagem de produto faz com que tudo volte ao início do processo, enquanto outros testes e estudos estão acontecendo simultaneamente – não há um único caminho ou resposta a seguir já pré-definido no início do projeto).
E o conceito de Design Thinking também está ligado a outros dois conceitos presentes no dia a dia de startups: as abordagens de negócios “human centric” (centrados no homem) e “customer centric” (centrados no cliente). Essas expressões reforçam a necessidade de os produtos partirem da necessidade do cliente (identificada muitas vezes pela empresa antes mesmo do cliente se dar conta). Ela demanda uma postura que reforça que o cliente é o ponto de partida e de chegada de qualquer negócio.
Mais que uma metodologia, o Design Thinking é também uma forma de pensar e de encarar problemas. Para isso, mais do que aplicar o passo a passo, o que esse conceito reforça para startups é a necessidade de uma visão mais aberta, com empatia para entender os reais problemas do cliente e como solucioná-los, com visão ampla para unir conhecimentos de áreas diversas e com desprendimento para alterar e reformular produtos e serviços até que se tornem verdadeiramente úteis para os clientes.
Assim como é preciso ter coragem para se começar a empreender e criar uma startup disruptiva, é preciso ter coragem para aplicar o Design Thinking constantemente no dia a dia de sua empresa. Isso significa rever processos, produtos e serviços, e tombar quantos conceitos forem necessários para gerar, de fato, inovação.
Sobre o Autor
A tegUP é uma aceleradora de startups e braço de inovação aberta da Tegma Gestão Logística. A aceleradora apoia startups e empresas de tecnologia transformadoras que ofereçam produtos, serviços e tecnologia relacionados ao universo da Logística, apresentem alto potencial de evolução e necessitem de algum tipo de suporte para acelerar seu crescimento. www.tegup.com.