13 perguntas para Patrick Rocha, CEO da dLieve
O nome dLieve advém de duas palavras: Believe e Delivery.
O lema BELIEVE IN YOUR DELIVERIES (acredite em suas entregas) é o que move essa startup a entregar seus serviços com a visão de que ainda há muito crescimento pela frente.
A empresa, que participou ano passado da aceleração promovida pelo programa da tegUP, cresceu mais de 8 vezes, de 2016 para 2017. Sua solução de gestão de entregas em tempo real permite ao entregador e cliente acompanharem 100% dos status das entregas, coletas ou visitas, tudo via mobile. Os motoristas com o app instalado recebem a lista de entrega roteirizada e, a partir do início da viagem, é enviada aos clientes a previsão do horário de chegada, calculando o trânsito em tempo real e o tempo previsto de demora em cada local.
A experiência do setor de logística e em empreendedorismo para criar o app veio de seus fundadores. Sergio Coutinho, Fundador e CFO da dLieve, é administrador pelo INSPER e vencedor do ACELERA FIESP 2014; Gregory Victorelli, Sócio e CTO, é multiempreendedor e chefe de desenvolvimento; e Patrick Rocha, Fundador e CEO, é engenheiro mecânico com MBA pela FGV e finanças pelo INSPER, com quase 15 anos de experiência em operações logísticas.
Rocha é quem conta abaixo em mais detalhes como a startup tem traçado esse caminho de sucesso:
tegUP: O problema que a dLieve se propõe a resolver – entregas com o acompanhamento em tempo real – é um problema de praticamente todo cidadão. Vocês já passaram por isso? Como surgiu a ideia de criar esse serviço?
Patrick Rocha: Sim, o fundador da dLieve, ele mesmo como usuário e comprador do e-commerce, sempre sofreu ao comprar algo e não saber que horas sua compra iria chegar. E muitas vezes chegava e ele não estava em casa para receber, o que fazia com que a transportadora tivesse que retornar outras vezes ao endereço. Mas também, ele mesmo como gestor de uma transportadora, sempre teve a necessidade de saber o status das entregas de seus motoristas. Porém, sem uma ferramenta como a dLieve isso era impossível.
tegUP: Na prática, em que esse aplicativo se difere dos demais sistemas de monitoramento de entrega disponíveis no mercado?
PR: O mais comum no mercado são sistemas de monitoramento via satélite, o que exige a instalação de um equipamento no veículo. Com o dLieve é possível realizar esse acompanhamento somente pela posição GPS do smartphone do motorista.
tegUP: Conte sobre esse processo de criação da ideia do sistema. Qual o background dos fundadores e que habilidades/profissionais foram necessárias para criá-lo?
PR: Os fundadores sempre trabalharam com supply chain (cadeia de suprimentos) e operações logísticas, e isso fez deles pessoas críticas dos modelos convencionais de informação a clientes e monitoramento. Foi a partir daí que decidiram criar uma startup que pudesse solucionar essa falta de informação em tempo real, não só para a transportadora, mas que também pudesse ser dividida com o embarcador e com o cliente final.
tegUP: A integração e o uso desse sistema por todas as partes envolvidas na entrega é considerada uma complexidade para vocês? Todas as partes realmente aderem a esse uso? Como é feito esse processo de convencimento e apresentação do sistema para cada parte envolvida?
PR: Não existe mais complexidade, o mercado está andando nesta direção e não tem volta. As transportadoras estão vendo que uma plataforma como a dLieve passou a ser necessária e é uma exigência de muitos clientes.
tegUP: Qual foi a evolução desse sistema desde seu nascimento até hoje? Houve muita mudança?
PR: Sim, a evolução não para. Nosso road map (roteiro) de produto é extenso, mas sempre focado em mobile. Queremos ser a plataforma tecnológica com mais ferramentas disponíveis para os clientes e usuários. Se pararmos de criar, estaremos mortos.
tegUP: Hoje, praticamente todas as áreas de serviços podem utilizar o dLieve. Em quais segmentos vocês estão mais focados ou veem maior potencial?
PR: Não importa se sua empresa vai entregar uma encomenda ou se o técnico da TV a cabo vai até sua casa, tudo é prestação de serviços e exige o deslocamento de alguém até algum ponto. Sendo assim, a dLieve se propõe a ajudar clientes e usuários. Nosso foco é maior nas operações logísticas, mas estão surgindo clientes de ramos diferentes, como construção civil e instalação de água, esgoto e energia elétrica.
tegUP: Por que buscaram o empreendedorismo com o desenvolvimento de tecnologia? Como enxergam esse mercado?
PR: O mercado de transporte virou commodity. Sem tecnologia, as transportadoras e operadores logísticos não conseguem ter diferenciais competitivos para se diferenciarem dos concorrentes. É aí que entra a nossa vontade de empreender e criar algo que seja útil, necessário e finalmente primordial para uma operação logística.
tegUP: Especificamente, por que identificaram potencial de negócios na área de logística? Essa é uma área mais simples ou mais complexa que outras?
PR: É a área que temos background, gostamos de “surfar” onde temos domínio, portanto trabalhar com o que você conhece aumenta o índice de acertos.
tegUP: Vocês atendem com esse sistema um público final (quem recebe a encomenda/visita do prestador de serviço) bastante amplo. Há uma segmentação do público que deve utilizar mais esse sistema? E com mais gente utilizando apps hoje em dia, esse público está crescendo?
PR: Temos públicos diferentes, pois nem sempre o usuário final é alguém que comprou algo. Temos transportadoras que usam somente com a finalidade da gestão interna, como roteirização, gestão de funcionários e status das entregas, por exemplo. Mas nos casos mais complexos, o usuário final é quem realiza a compra. É importante ressaltar que nosso negócio é B2B2B ou B2B2C.
tegUP: Por que vocês buscaram o programa da tegUP? Quais eram as expectativas?
PR: Sendo a Tegma uma das maiores empresas de logística do Brasil, sabíamos que esse know-how poderia nos ajudar bastante não só tecnicamente, mas comercialmente também.
tegUP: Como foi esse processo de participação na tegUP?
PR: Muito interessante, com boas discussões, bons cases e muita troca de informações.
tegUP: Quais são agora os planos da dLieve?
PR: O plano da dLieve é continuar crescendo, como ocorreu de 2016 para 2017 (crescemos 8 vezes). As startups precisam ser rápidas na escalada e é isso que procuramos executar, sem deixar de inovar.
tegUP: Como vocês enxergam esse mercado atual de startups de logística? Há espaço para crescimento e inovação? É um caminho muito complexo a ser traçado?
PR: Recentemente, vimos um estudo com mais de 700 startups. Muita coisa boa está por vir, mas o caminho é longo e árduo. Os empreendedores brasileiros precisam de muita resiliência para alcançarem seus objetivos, pois não é simples abrir um negócio no Brasil.
tegUP: De tudo que aprenderam nesse período, quais são as principais lições que deixam para quem está desenvolvendo ou planejando desenvolver uma startup?
PR: Ser rápido nas decisões, encontrar um bom investidor logo no início, focar no seu produto e escalar. Não existe uma fórmula do sucesso, mas existem bons mentores e livros que podem ajudar.